sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O ano da leitura mágica



Sempre que encontro um livro que fale sobre o amor aos livros e sobre o poder transformador da literatura e sua capacidade de nos amparar nas situações mais difíceis, é quase certo que vou me apaixonar pela história. Mas nem sempre o livro alcança todas as nossas expectativas, principalmente porque com o tempo elas passam a ser cada dia maiores.

Com uma edição linda da editora Leya, "O Ano da Leitura Mágica" desperta imediatamente o desejo de ler no leitor: a promessa de um ano repleto de leituras; citações dos livros lidos pelo caminho; a superação de uma dor da alma; e de brinde uma lista de livros imensa, um para cada dia do ano. Impossível resistir.

Mas, apesar de ser um livro de fácil leitura e gostosinho de ler (principalmente se você for um leitor apaixonado), eu senti falta de algo a mais na história. Achei que faltou paixão nos comentários que a autora tece sobre os livros lidos (alguns deles, na verdade, porque foram 365 livros e é difícil comentar tanta coisa em um livro só).

O fato de o livro trazer citações no início de cada capítulo encheu meus olhos, mas acabou não sendo o que eu imaginei, já que esperava que as citações todas tivessem como tema o amor aos livros, mas nem sempre elas estão relacionadas ao assunto. O que me fez pensar que os trechos que a gente sublinha ou anota em nossas leituras são completamente pessoais e nem sempre farão sentido para outra pessoa.

Não posso negar, contudo, que o livro seja uma boa companhia se o que você procura é uma leitura leve. Mas, em se tratando de amor aos livros há outros títulos mais arrebatadores, que trazem reflexões mais significativas e citações mais apaixonadas como "A arte de ler", de Michele Petit (Editora 34, 2009), um grande favorito da minha estante.

Confesso, porém, que sublinhei alguns trechos do livro que me fizeram sorrir enquanto lia, seja por identificação com os hábitos de leitura da personagem, seja por compaixão e solidariedade por sua dor. Afinal, todos que já se reergueram após um ano de leituras mágicas sabem que a leitura pode ser sim uma forma de (sobre)viver.

"As pessoas compartilham os livros que amam. Elas querem espalhar para os amigos e familiares a sensação boa que sentiram ao ler o livro ou as ideias que encontraram nas páginas deles. Ao compartilhar um livro amado, um leitor está tentando compartilhar o mesmo entusiasmo, prazer, medo e ansiedade que experimentou ao ler. E por que mais o fariam? Compartilhar o amor pelos livros ou por um livro específico é uma boa coisa. Mas é também uma manobra arriscada para ambos os lados. Quem dá o livro não está exatamente expondo a alma para uma rápida olhada, mas quando o entrega com o comentário de que é um de seus preferidos, está muito próximo de expô-la. Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser".

Nina Sankovitch. O ano da leitura mágica. São Paulo: Leya, 2011. Pág. 99

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