sábado, 2 de novembro de 2013

Beatriz

Acho que fiz as pazes com o Cristovão Tezza nesse livro. Explico: quando li o tão aclamado O Filho Eterno, eu não consegui me encantar pelo autor. Não sei se foi o momento certo para ler o livro, mas não gostei. Quando encontrei Beatriz em uma promoção da fnac, decidi dar mais uma chance ao escritor depois de ler o prólogo do livro ainda na livraria. 

Beatriz é um livro composto de setes contos e um prólogo, e nesse prólogo, que o próprio autor diz ser coisa ultrapassada, mas que eu achei excelente, ele explica um pouco o livro e se aproxima do leitor, pois é quase uma conversa. Tezza diz que não é muito bom em contos, explica um pouco as diferenças entre o conto, o romance e a novela; reconhece que o público leitor é formado em sua maioria por mulheres (sim, estatisticamente comprovado que as mulheres leem muito mais) e diz que o livro surgiu de várias tentativas de compor uma personagem, a Beatriz, que inicialmente foi pensada como Alice. Achei interessante ver esse processo de criação no decorrer do livro e a personagem cresceu tanto que acabou virando personagem de um outro romance do autor, se não me engano, Um Erro Emocional. Não sei qual dos dois livros foi publicado primeiro, mas nesses contos vemos uma personagem que precisou ter mais vozes, vivenciar mais histórias.

Os três primeiros contos não me cativaram, confesso, e já estava pensando que tinha sido uma bobagem comprar o livro quando os contos começaram a melhorar, e foram crescendo até chegar ao último conto, O Homem Tatuado, que foi o que mais gostei. Parando para analisar o prólogo e esse crescente que foi o livro, terminei com uma boa impressão de Beatriz. Não é um livro perfeito, porque metade foi interessante, metade não, mas para quem se interessa por esse processo criativo dos escritores, acho que pode ser uma boa leitura. É, talvez eu tenha feito as pazes com o Tezza. Veremos.

Cristovão Tezza. Beatriz. Rio de Janeiro: Record, 2011.

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