quinta-feira, 6 de março de 2014

Hoje escrevemos ao coronel



Eu ainda era menina quando ouvi falar dele pela primeira vez. Devo a minha mãe, que desde cedo me falava dos livros que ela havia lido e amado quando era da minha idade (e com isso plantava no meu peito o desejo de ler que até hoje me acompanha), o meu amor pela literatura. Lembro que um dos primeiros livros que ela comentou comigo, livros que ela tinha lido e devorado, de tão bom que eram, haviam sido escritos por ele. Eu achava os títulos belíssimos e intrigantes: como deveria ser uma história que falasse de cem anos de solidão? Como seria um amor nesses tempos de cólera? A minha imaginação fervia de curiosidade. O desejo de ler essas histórias foi tão grande, que fiz minha mãe ir comigo a um sebo, porque eu precisava ler esses livros e ela já não os tinha mais. Comecei a ler Gabo nessa época, e acho que um começo assim é a garantia mais certa de um caminho infinito e cheio de encantamentos a percorrer com os livros. Tive a sorte de ter um começo assim. E esses dois livros desde então permanecem na minha lista de favoritos. Já gostei de livros que ficaram por um tempo nessa lista, e que depois deixaram de ser tão importantes. Paixão de momento. Mas os de Gabo não. Eles permanecem.


Anos depois, na faculdade, chegou a vez de relê-los. E eu me encantei novamente com a árvore genealógica dos Buendía, e sonhei com uma chuva de flores amarelas. Foi aí que eu descobri que as grandes histórias são mesmo eternas. E que não nos cansamos nunca de reler os escritores, aqueles que permanecem, porque os livros que eles escrevem são infinitos. E talvez seja por isso que, quando alguém me pergunta "que livro você levaria para ler em uma ilha deserta?" a primeira opção que sempre passa pela minha cabeça é Cem Anos de Solidão. Um livro que eu já li duas vezes, e estou certa de que ainda será lido muitas vezes durante a minha vida. E cada leitura será diferente, apenas uma versão das infinitas possibilidades de um livro mágico.

Hoje escrevemos ao coronel para celebrar seus 87 anos de vida e agradecê-lo pelos livros infinitos, que tornam o caminho da literatura algo muito mais interessante de percorrer. Feliz Aniversário, Gabo.



Gabriel Garcia Márquez nasceu em 6 de março de 1927 em Aracataca, Colômbia. É escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano. Considerado um dos autores mais importantes do século 20, ele foi premiado com  o Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi um dos precursores do realismo mágico na literatura latino-americana. E é um dos escritores preferidos deste blog.

Em abril de 2009 declarou que se aposentou e que não pretendia escrever mais livros. Essa notícia viu-se confirmada em 2012, quando o seu irmão, Jaime Garcia Márquez, noticiou que em virtude do tratamento contra o câncer, os sintomas de demência senil se agravaram e Gabriel Garcia Márquez, embora esteja em bom estado físico, sofre lapsos de memória e não voltará a escrever.

7 comentários:

Livros Incríveis disse...

Nossa... que post lindo!
e pensar (mooorrendo de vergonha) que nunca li Gabriel Garcia Marquez... ai... que vergonha :(

Gabs disse...

Muito bonito e tocante seu post :) Li "Cem anos de solidão" e foi uma experiência incrível, preciso ler mais dele... lembro, na faculdade, de ver o pessoal que fazia espanhol lendo para uma disciplina de Literatura e sentir uma pontada de inveja, é um autor que merece ser estudado com carinho!

Pipa disse...

Rachel,

Não temos que sentir vergonha dos livros que não lemos, sempre é tempo de começar :)
Estou certa de que você vai se apaixonar por ele também.

beijo,
Pipa

Mariana disse...

Oi!!
Sou uma aficionada pelo Gabriel. Tenho como meta, ter todos os livros dele, estou quase atingindo minha meta (acho que faltam cinco). Tenho um amor avassalador por ele a tal ponto que me debrucei sobre ele como objeto de estudo.

Beijos!

ouseviver.wordpress.com

Unknown disse...

Sério, adorei! Minha mãe também sempre contou dos livros que leu. hihi amor ❤

O Gabriel é incrível!
Li "Cem anos de solidão" e "O amor nos tempos de cólera", e quero ler outros livros dele ainda. São, de fato, histórias eternas, sempre dignas de releituras.

Dorzinha no coração com o final do post. =/

Beijos
Rafa
http://sonharnostemposdoagora.blogspot.com.br/

Michelle disse...

Muito bonita sua história. E começar com Gabo não é para qualquer um. Sabe que não sou de reler livros, mas 'Cem Anos de Solidão' é um que me desperta essa vontade.
Beijo!

Lua Anna Costa disse...

Pipa,
tenho muita vontade de ler o Gabo. Escuto pessoas incríveis comentarem e fico com água na boca. Esse mês vou tentar junto com a Denise Cem anos de Solidão, mas n~]ao tenho certeza se vai dar tempo. Espero que sim, porque fiquei mais entusiasmada com seu texto. Muito bonito... Beijos!
www.viagensesquizofrenciasalua.blogspot.com.br