domingo, 26 de julho de 2015

Poesia domingueira

Apocalipse Mínimo

Bem-aventurado quem lê e ouve as palavras desta 
                                                            [alegria
porque o tempo está próximo.
Ouvi por detrás de mim uma pequena voz como de
                                                            [assovio,
e que dizia:
o que vês, e ouves, escreve-o em uma melodia e
                                                         [envia-o.

Eu vi um gafanhoto que dizia
que todas as coisas grandes serão substituídas
por todas as coisas pequenas:
O infinito, pelo grão;
a eternidade, por um triz;
a verdade, pelas palavras;
o amor, pela graça;
o pecado, pelo capricho;
a história, pela gesta;
a certeza, pelo sim
Eu sou o que é, o que era e o que há de vir: a letra e o
som, a colméia e a teia, a brecha e a raiz.

Noemi Jaffe. Todas as coisas pequenas. São Paulo: Hedra, 2005.

***
Noemi Jaffe nasceu e vive em São Paulo. Professora de Literatura Brasileira, publicou Folha Explica Macunaíma (Publifolha, 2001) e Ver Palavras, Ler Imagens (Global, 2003, em parceria com Denise Grinspun).

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